Considero de uma hipocrisia sem igual o facto de se criticar José Saramago devido às suas convicções e posições no que diz respeito a religião e a igreja católicas. Neste Ocidente que se acha tão tolerante e respeitador da liberdade de expressão, neste mesmo Ocidente onde se condenou com tanta veemência a posição do Islão em relação a Salman Rushdie, que tem a cabeça a prémio por causa dos seus Versículos Satânicos, cai-se exactamente no mesmo erro: não se aceita a posição de alguém que vai contra os dogmas estabelecidos. Pior ainda é não se aceitar uma obra literária como aquilo que é: uma obra literária.
3 comments:
Não gosto do senhor nem do que li do senhor, mas defendo que ele tem o direito a ter o seu ponto de vista sobre o que possam ser as vacas sagradas de outras pessoas.
Agora, também acho que foi uma excelente publicidade ao livro as opiniões polémicas que expressou. Falem mal de mim, mas falem, não é o que se diz?
Concordo em absoluto: é uma excelente técnica de marketing e publicidade!
Eu não gosto nem desgosto do senhor. Pela primeira vez ouvi-o a falar nestes últimos dias por causa desta polémica do novo livro e das suas opiniões sobre a Bíblia - nunca antes tinha ouvido uma opinião pessoal da sua parte.
Já em relação aos seus livros gostei de todos os que li até à data. Gosto da forma como ele cria personagens fortes e profundamente humanas como poucos escritores são capazes de o fazer.
Pois eu gosto do senhor e gosto das suas obras, da maneira como escreve e das personagens que cria. Curiosamente, um dos meus livros preferidos dele, é o Evangelho Segundo Jesus Cristo, que também muito polémica levantou aqui há uns anos... Cheira-me que também vou gostar muito deste.
Num país onde (supostamente) há liberdade de expressão e para todos os efeitos somos um estado laico, não se percebe tanto alarido à volta desta questão.
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