Porque temos tendência a envolver-nos em relações que não são
construtivas? Para o ego - isto é, para as defesas que apresentamos
face aos outros – aceitarmo-nos como somos, sem defesas nem protecções,
implica que tal já não é necessário. A auto-aceitação, diz Marianne
Williamson, é a morte do ego. Mas as pessoas confiam muito nesse ego
supostamente protector e costumam reger-se pelos seus ditames:
“Por isso nos atraem as pessoas que não nos amam. Sabemos desde o
princípio que não estão connosco. Mais tarde, quando essas pessoas nos
atraiçoam e se vão embora, depois de um período intenso mas bastante
breve, fingimos que isso nos surpreende, mas o que sucedeu enquadra-se
perfeitamente no plano do nosso ego: Não quero que me amem. Por que não
nos parecem agradáveis as pessoas gentis e bem-dispostas? Porque o ego
confunde a excitação com o risco emocional e considera uma pessoa amável
e acessível como não sendo suficientemente perigosa. A ironia é que a
verdade é o oposto: as pessoas acessíveis são as perigosas, porque nos
confrontam com a possibilidade de uma intimidade autêntica. São pessoas
que na realidade poderiam conviver connosco durante tanto tempo que
acabariam por nos conhecer. Poderiam minar as nossas defesas, usando não
a violência mas o amor.”
in "Inocência Radical", Elsa Punset
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