30.11.12

29.11.12



Houve alturas em que fiquei realmente afetada pelo silêncio de pessoas com as quais me relacionava. Com o tempo e com os diferentes relacionamentos que fui tendo comecei a perceber esse tipo de atitude: a de nos remetermos ao silêncio; e comecei a compreender que de facto poderá ser, por vezes, uma boa resposta. Eu própria, nos últimos anos, usei do silêncio como resposta em algumas situações menos simpáticas. 

Nem a propósito li, algures na net, que o silêncio é uma boa forma de evitar problemas e chatices e ainda agora tropecei nesta imagem. E foi então que pensei para com os meus botões que desta vez não poderia continuar a ignorar o tópico e que tinha de quebrar o silêncio. 

Sim. Por vezes o silêncio é a melhor resposta. Pode denotar falta de respeito para com o outro, que aguarda uma resposta, pode denotar falta de interesse e até mesmo desprezo. Ou pode simplesmente revelar incapacidade da pessoa de expressar oralmente o que sente. Afinal, nem todos são hábeis com as palavras. Seja de que modo for o silêncio está efetivamente carregado de significado. Contudo, como tudo na vida deve ser bem doseado. É preferível o silêncio a dizermos algo de que nos venhamos a arrepender. É preferível o silêncio a proferirmos palavras injustas que magoem outra pessoa. Outras vezes, no entanto, há que ter a coragem de pôr o silêncio de parte e passar a fazer uso das palavras de modo a comunicar com o outro.

Se nos aplicam o tratamento do silêncio não devemos nunca ficar susceptíveis a tal procedimento pois em qualquer outra altura com essa ou outras pessoas teremos sido nós, ou seremos, a usar do silêncio como uma arma para arruinar ou salvar uma relação.

A question of English

Em parceria com a D. nasceu o English Tid Bits. Trata-se de uma ideia minha já com alguns anos: criar um blogue relacionado com o ensino do Inglês. Numa primeira fase vamos criar ligações e referências a sites relacionados com aspetos significativos da língua. Numa segunda fase conto partilhar o site com os alunos, pois seguramente serão colocados materiais e referências úteis para a sua aprendizagem da língua. Aos interessados fica aqui o link para uma visita:

28.11.12

Post Secret

Tu não sabes, mas ontem encontrei um texto que escrevi, há muitos anos, sobre o dia em que nos conhecemos.

This is the day

You could've done anything -- if you'd wanted
 And all your friends and family think that you're lucky.
 But the side of you they'll never see
 Is when you're left alone with the memories
 That hold your life together like
 Glue




Há dias tropecei neste clip no youtube. Fiquei exultante! Há muito que não ouvia esta música. Hoje faz-me mais sentido do que alguma vez antes. 


quase Natal

O tempo esfuma-se. O final do 1.º período de aulas está quase aí. Encontro-me em processo de elaboração, aplicação e correção de testes. Tenho tempo para gerir tudo devidamente o que é uma grande vantagem. 

Com o aproximar das férias de Natal dei por mim a pensar na quadra festiva. Este ano não sinto o entusiasmo de anos anteriores. É como se nem houvesse Natal  para celebrar. De todo o modo de manhã fui buscar os postais, os envelopes  e os autocolantes decorativos guardados numa caixa. Nos últimos dias fiz também alguns porta-chaves e marcadores de livros que vou oferecer a alguns amigos e familiares. E descobri que ainda tenho alguns colares e brincos guardados feitos há uns anos durante um pico de criatividade.

Mas é como digo: nem parece que vamos ter Natal. E não tem nada a ver com a crise. Não sei porque será. Anseio, contudo, por esses dias frios de dezembro para me encontrar com amigos, andar de bicicleta e entregar-me ao prazer da leitura.

Unten den Linden, Berlin

27.11.12

... como um gato sonolento...

East Side Gallery - Berlin


Tive um dia bom. As aulas correram bem. Fui paciente com as crianças. Um colega ofereceu-me um livro de sua autoria. Ao fim da tarde encontrei-me com uma prima para conversarmos um pouco. Sinto-me descontraída como um gato sonolento à janela.

Make a wish, make a wish, make a wish!

Hoje pela manhã fui presenteada com um belo arco-íris no Estoril. Chovia a potes. Parte do céu estava coberto de negras nuvens e ali mesmo em frente eu quase podia tocar as cores do arco-íris. Disse a mim mesma: faz um pedido. Estou certa que muitos dos condutores parados naquele momento no semáforo fizeram o mesmo.



"I would like a place I could call my own
Have a conversation on the telephone
Wake up every day that would be a start
I would not complain about my wounded heart"

there's no turning back

Todas as segundas vou à hora de almoço até ao Guincho. Por vezes deixo-me ficar no carro a ver o mar. Outras saio e ando um pouco a pé. Hoje o mar estava muito calmo à superfície mas posso imaginar as profundezas revoltas. Era um pouco como eu me sentia também. O Exciter dos Depeche Mode tocava naquele momento. É um álbum bem apropriado a estes dias: denso, intenso, profundo. Muito em especial a faixa que se segue.



You have bound my heart with subtle chains
So much pleasure that it feels like pain
So entwined now that we can't shake free
I am you and you are me

No escaping from the mess we're in
So much pleasure that it must be sin
I must live with this reality
I am yours eternally

There's no turning back
We're in this trap
...

25.11.12

o que conta

Ao olhar para a barra lateral do blogue reparei que em 2011 se registaram apenas duas entradas em janeiro. Essa pausa foi necessária e confesso que ao anunciar na altura a morte deste blogue não julgava regressar. Mas regressei e ao ler posts antigos vou achando piada à forma como a minha vida evoluiu nestes últimos anos. Tantas experiências ricas vividas. Tantos encontros e re-encontros. Tantos erros cometidos. Os mesmos; uma e outra vez. E tantos desencontros. E, contudo, é nessa disparidade que encontro o equilíbrio. Umas coisas acontecem para dar seguimento a outras. Só assim a vida faz sentido.

É de sentido que nós precisamos porque, mesmo que o neguemos, nós somos frágeis e as teias de relações que nos unem são igualmente frágeis e somente o sentido poderá trazer esperança para que possamos manter os elos que nos ligam uns aos outros.

Somos frágeis porque temos medo. Temos medo de tudo. Temos medo da própria vida, mais do que da morte. Temos medo de ser felizes, temos medo de ser amados, temos medo de amar. Temos medo porque tudo é efémero, tudo é perene, momentâneo.

Mas é esse momento que conta por mais breve e fugaz que seja.

o perdão é possível

O dia é propício à reclusão e à introspeção. É propício ao desenvolvimento de tarefas lentas. É propício ao descanso. É propício ao desafogar de sonhos.

O dia é propício a uma chávena de chá preto bem quente e aos R.E.M. a tocarem na aparelhagem. O dia é propício aos hobbies e ao trabalho ainda por fazer por desleixo ou preguiça.

O dia é propício a observar a gata que aqui em cima da secretária observa os que passam sós na rua.

O dia é propício à lembrança do passado. De tempos felizes, mas não mais felizes. O dia é propício a memórias. 

O dia é propício a estar só mas ainda assim ser completa.

Se pudesses por um momento apenas ver o meu sorriso perceberias que o perdão é efetivamente possível.


East Side Gallery - Berlin

Sem Urgência

Nos últimos tempos ouvi de mais do que uma pessoa expressões como "as coisas acontecem" e "o que tiver de acontecer, acontecerá", entre outras equivalentes. A minha questão a este respeito sempre foi: sentamo-nos passivamente e esperamos que aconteçam ou pomo-nos a mexer para que aconteçam? Porque eu sempre achei que a inação resulta inevitavelmente em nada.

E pus-me então a pensar porque razão ao contrário dos outros eu não espero que as coisas aconteçam e opto por fazer com que aconteçam. Por um lado falta-me a paciência. Por outro, existe em mim uma certa urgência em viver as coisas, em ver acontecer, em fazer acontecer. Trata-se obviamente de controlar as situações de forma direta e os outros indiretamente, o que de facto, concluo agora, nunca leva a bons resultados.

Por isso, deixemos acontecer.

24.11.12

Chuva Oblíqua

Foi igualmente recuperado o blogue Chuva Oblíqua, em tempos iniciado em parceria com uma amiga, que por diversas razões nunca chegou a participar activamente no blogue. A ideia era criar um blogue que desse a conhecer de forma sucinta algumas obras da literatura e da pintura. Pensei para comigo "porque não continuar?". Estas são duas áreas em relação às quais nutro grande interesse pelo que poderia tornar-se interessante dar continuidade ao projecto ainda que apenas a duas mãos. E a grande vantagem será o que eu poderei vir a aprender com as pesquisas levadas a cabo.

Leituras no blogue

Nestas últimas semanas confesso que deixei as leituras em banho-maria. Mas hoje não resisti e comprei O Elefante Evapora-se de Haruki Murakami. Tenho gostado de todos os livros que tenho lido dele por se tratarem de narrativas com um toque muito original e personagens envolventes, profundas e humanas. 

Outros livros que tenho no meu cesto de leitura (recentemente comprei um cesto que coloquei na sala com revistas e livros a ler no momento) e em cima da mesa de cabeceira são: Generation A de Douglas Coupland e Pride and Prejudice de Jane Austen

O livro de Coupland, que me estava a agradar muito inicialmente, acabou por se revelar algo aborrecido. Na base da história temos um grupo de pessoas em pontos diferentes do mundo que foram picadas por abelhas. Nada disto parece muito original ou estranho, mas o facto surpreendente é ficarmos a saber que não se viam abelhas no mundo há uns 5 anos. A partir daí há uma série de movimentações para se tentar perceber o aparecimento destas abelhas e as razões pelas quais foram aquelas pessoas picadas e não outras. Parei a leitura no momento em que todos os picados se encontram reunidos numa casa a contarem histórias, por eles inventadas, uns aos outros. O objectivo ainda não o percebi, nem eles tão pouco.

Pride and Prejudice é o segundo livro de Jane Austen que leio. Há uns meses li Sense and Sensibility e tinha já agendada a leitura do título mais famoso da escritora para os meses mais próximos. Li o primeiro capítulo apenas e para já o que posso considerar é que se trata de um livro que retrata muito bem a sociedade e as convenções sociais da época, o que Austen fazia de forma magistral. 

De dentro para fora

Durante muitos anos a minha maior preocupação residiu em encontrar alguém que gostasse de mim. Alguém que quisesse ficar comigo. Alguém que não me abandonasse. Passados todos estes anos em que vivi muitas experiências edificantes e que muito contribuiram, em parte, para a pessoa que sou hoje percebi, por fim, que a questão é bem mais simples: é imperativo que eu goste, acima de tudo, de mim e depois então acontecerá que eu gostarei de alguém. E será a partir dessa fonte que todo o resto surgirá. Por isso, as palavras de Madre Teresa não são nem vazias, nem simplistas nem tão pouco foram proferidas em vão. O amor é algo tão abrangente que não se circunscreve somente aos limites da nossa esfera pessoal e social. Mas começa a partir daí: de dentro para fora.


via Hunting Happiness Project

23.11.12

Pequenos passos

Dia a dia são dados pequenos passos que fazem a diferença. Quando me mudei para o meu apartamento visualizei a oportunidade de ter um espaço só meu e também para dar azo à minha imaginação e criatividade. Os que me são mais próximos sabem da minha apetência para as artes desde tenra idade. Há um ano que vivo neste espaço e o tempo foi passando mas não me disponibilizei imediatamente para fazer os meus pequenos trabalhos manuais, os desenhos e as pinturas. Foram várias as vezes em que estive para pegar nas tintas, nos pincéis e nas telas, houve uns dias que peguei nos lápis e no bloco de desenho, mas rapidamente os pus de parte após uns rabiscos. Mas inúmeras outras vezes pensava que queria fazer algo, que deveria, que podia... e acabei por deixar o tempo passar embora reconhecendo que em qualquer altura voltaria a pegar nos meus materiais para algo fazer. E de facto assim foi, pois recentemente alguns materiais de bijuteria que tenho, assim como peças de porta-chaves e de colares antigos, foram resgatados das suas caixas e converteram-se em 3 porta-chaves que serão oferecidos a pessoas amigas este Natal.

O sentimento de satisfação é imenso. Isto especialmente porque por fim começo a sentir o ânimo que me abandonou em Agosto de 2010 e ao longo de todo este tempo desde então. Alguns dias são mais complicados. Contudo, o balanço final de cada dia é sempre positivo. E isso é algo verdadeiramente espantoso. 

Ao interrogar-me sobre estas mudanças percebo que ocorreram graças à mudança em mim. Passaram 2 anos. 2 longos anos de profunda mudança interior. E ao longo desses anos foram cometidos muitos erros, quebraram-se novos elos, perderam-se novas esperanças. E no outro extremo ganhei-me a mim própria. Recuperei o meu alento, o meu ânimo, a força de querer mais e melhor, o desejo de ser mais e melhor. E todos os dias tento honrar o compromisso que estabeleci comigo própria. Esse é o meu objectivo primordial.

22.11.12

Sobre os afectos na sala de aula

Não me encontro numa situação profissional mais favorável do que nos dois últimos anos, mas admito que me sinto satisfeita apesar do início de ano letivo caótico. Gosto das turmas, gosto das escolas e, de forma geral, as coisas têm corrido bem. Sou mais flexível com os alunos. Estou mais atenta. Tento ser mais amável e procuro ouvi-los mais. 

Concluí recentemente que existe muita carência afetiva junto dos mais jovens. E por essa razão é imperativo dar-lhes toda a atenção possível. Sinto-me, contudo, por vezes, verdadeiramente impotente: eu sou apenas uma e eles são tantos e com tantas necessidades a vários níveis que se torna impossível chegar a todos. Mas há tempo e espaço para dar um abraço, por exemplo, quando nos é pedido e também para receber um quando nos é dado de livre vontade por uma criança.

A sala de aula é muito mais do que um espaço de aprendizagem. É também um espaço de afectos, de partilha. De muitos sentimentos e emoções. Quantas vezes terei, involuntariamente, ignorado o sofrimento de alguns dos meus alunos?

E é exactamente por me ter colocado essa questão esta semana que estabeleço comigo mesma o compromisso de ser melhor professora e melhor pessoa para os pequenos que tenho diariamente na sala de aula.

Re-boost

Após meses de introspeção e reflexão cheguei por fim ao ponto de pôr em prática algumas ideias começadas em tempos e depois interrompidas. Por isso, ontem e hoje pus-me a organizar os meus materiais de trabalhos manuais para me dedicar a criar algumas peças que serão oferecidas a amigos neste Natal e outras que serão posteriormente postas á venda. Outro projecto em mãos é a recuperação do blogue Manual de Artes Decorativas iniciado em 2007 e abruptamente abandonado. Penso que agora estão criadas as condições para voltar a pegar nele e trabalha-lo de modo a torná-lo aquilo que em tempos projectei. Caso nada disto resulte outras coisas igualmente válidas surgirão!

21.11.12


A vida é doce como um Pastel de Nata

A minha room mate é uma óptima companhia. Já percebemos as duas que a poltrona vermelha lhe pertence, a arca de verga pequena e a grande também, assim como metade da minha cama e um bocado da minha secretária. Assim, torna-se tudo mais fácil para convivermos as duas em harmonia. 

Ronrona muito e gosta de festas, mas não vale a pena uma pessoa pegar-lhe ao colo. Não é muito brincalhona, mas de vez em quando se lhe atiro uma das bolinhas dela ela faz-me a vontade e estica a patinha dianteira para dar um toque na bola, desde que não tenha de se esticar ou mover muito. 

Adora ficar a olhar pelas janelas e então temos um pacto: quando estou a trabalhar à secretária ela salta para o seu cantinho e eu abro a janela para ela pôr as orelhas de fora a arejar. Na sala, quando sobe para cima da arca de verga grande ela lembra-me com o olhar que tenho de puxar os cortinados e caso não esteja muito vento, frio ou chuva também devo abrir um pouco a janela para ela espreitar o que se passa lá fora. Gosta de estar a par de tudo!


1.11.12

Pastel de Nata

A nova inquilina chama-se Pastel de Nata, tem três patas, é muito comilona e gosta muito de festas. Estima-se que terá entre 2 a 4 anos de idade. Vi o anúncio para a sua adopção no Facebook na página da União Zoófila e ontem fui buscá-la. Parece estar a ambientar-se perfeitamente ao novo lar.