2.6.13

E se eu morresse?

Coloquei-me essa questão no sábado, enquanto aguardava no São Francisco Xavier os resultados de exames e análises após ter desmaiado no Continente poucas horas antes enquanto andava às compras. "E se eu tivesse morrido? Como seria? Quais as consequências? Quem choraria a minha morte? Quem sentiria a minha falta?"

Além destas questões filosóficas preocupava-me a pilha de testes por corrigir e as avaliações finais que deveria preparar este fim de semana e que por razões óbvias tiveram de ser adiadas. Os testes felizmente consegui corrigir quase todos.

A minha mãe sem dúvida seria a pessoa mais afectada por tal acontecimento. As restantes pessoas sentiriam isso como mais um acontecimento inevitável, que o é sem dúvida, e umas sentiriam mais a minha morte do que outras.

Este episódio, cujos exames e análises acabaram por revelar estar tudo normal, foi indicado pelo excelente médico que me atendeu como sendo um episódio vagal; ao que parece o culpado é o nervo vago e tal síncope deve-se à falta de oxigénio no cérebro e a uma baixa abrupta da tensão arterial assim como uma desaceleração do pulso. Perdi a visão, senti suores frios e dei por mim a adormecer literalmente. O estado de inconsciência foi, ao que parece, breve, segundo os relatos dos que prontamente me socorreram.

Lembrei-me do meu irmão, cuja repentina e violenta morte aos 24 anos, foi um choque para todos. Ainda hoje encontro amigos dele que sentem a sua falta e cujos olhos se enchem de lágrimas quando dele se lembram. E lembro-me sempre das palavras de um dos seus amigos: "O Mário só terá morrido verdadeiramente quando a última pessoa que o amava tiver morrido." Assim será. 

Presumo que este episódio seja um aviso do meu corpo de que algo não está bem. Estarei atenta aos sinais visíveis de stresse, cansaço e outras alterações no meu estado de saúde. Afinal de contas ainda há muita coisa a fazer. Para já há que pensar numa semana repleta de horas de trabalho, entregas de testes e avaliações finais e reuniões. Depois há que pensar em todas as coisas que ainda quero fazer nesta vida.

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