Li num blogue recentemente algo do género: "As redes sociais são os shoppings das relações humanas". Após uma sonora gargalhada pus-me a pensar sobre o assunto. Também recentemente fui testemunha de dois acontecimentos em redes sociais que ilustram a citação anterior. E as duas coisas culminam numa ideia sobre a qual me tenho vindo a debruçar há anos: as relações humanas, especialmente as amorosas, são obscenamente descartáveis. Contudo, achamos nós, está tudo bem com esse estado das coisas.
Há tempos fiquei a saber que uma amiga se tinha divorciado. Tempos depois reparei que o seu estado civil se alterara na rede social onde é costume comunicarmos. Pouco depois o estado civil do seu marido também se alterou assim como a foto de perfil deste: em vez de uma pessoa (ele próprio) agora havia duas pessoas no mesmo espaço fotográfico: ele e a nova cara metade que, poderíamos nós pensar, foi encontrada em qualquer shopping na berra. Muito recentemente aconteceu uma situação semelhante com outro casal amigo: divorciaram-se, os estados civis alteraram-se e a foto de perfil da minha amiga deixou de ser apenas a dela para albergar também a sua nova cara-metade.
Ponto um: um perfil define-nos individualmente por isso eu nunca conseguirei compreender as pessoas que nas suas fotos de perfil em redes sociais colocam a sua foto mais a de outra pessoa. Mas isto vem da parte de uma pessoa que tem uma foto de perfil de uma pintura do Tacheles... o que para muitos poderá ser igualmente incompreensível. Adiante!
Ponto dois: embora possa compreender a alegria de um novo amor, a esperança de um futuro feliz junto de uma nova cara metade, não consigo evitar pensar no balde de água fria que isso possa significar para a ex-cara-metade. Para mim foi!
Ponto três: esta mania de acharmos que as redes sociais são uma extensão das nossas vidas privadas podem trazer-nos alguns dissabores futuros. Uma coisa é partilhar momentos, alegrias e tristezas com amigos e (des)conhecidos, por exemplo no Facebook, outra coisa é por a nu sem qualquer tipo de pudor a nossa intimidade.
Cabe sem sombra de dúvida a cada um de nós agir em conformidade com aquilo em que acreditamos sem contudo perder o respeito por nós próprios e pelos outros. Isso, sim, a fundação de qualquer relação.
Cabe sem sombra de dúvida a cada um de nós agir em conformidade com aquilo em que acreditamos sem contudo perder o respeito por nós próprios e pelos outros. Isso, sim, a fundação de qualquer relação.
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