29.9.15
fazer acontecer
Há uma rede que nos liga. As relações e as ações dependem umas das outras, decorrem umas das outras. Fui indicada através de uma amiga e consegui hoje ir a uma entrevista para um colégio aqui na zona. Causei tão boa impressão que me contrataram no próprio dia. Consegui, assim, acrescentar mais 13,5h ao meu horário de 8h da Escola Profissional de Ciências Geográficas. E desta vez vou estrear-me com o 1.º ciclo. Vou ter todos os anos. Estou curiosa, admito. Deve ser uma experiência muito compensadora.
Depois de tantos meses de angústia e incerteza vejo-me numa situação bastante mais equilibrada. Nas duas escolas terei contrato até ao final de agosto, o que significa que até lá poderei contar com um rendimento fixo para pagar as minhas despesas e, quem sabe até, pensar na aquisição de um novo carro e conseguir poupar algum dinheiro.
Ainda não sei se dará para conciliar com as 5h da outra escola profissional. O horário aí ainda não foi feito e tudo tinha ficado meio no ar: programa, planificações, etc. Em certa medida custa-me voltar atrás e ter de dizer que afinal não estou interessada porque consegui horas numa outra escola. Mas a grande verdade é que tenho de pensar, em primeiro lugar, na melhor situação para mim.
Tenho saído da minha zona de conforto. Acho que só tenho a ganhar com isso. Algum dia terei de sair da cepa torta!
28.9.15
primeiras impressões
Hoje foi dia de conhecer a turma de 10.º ano de Gestão do Ambiente. É uma turma muito agradável que conta com 12 alunos apenas. A de 11.º, segundo sei, é mais pequena ainda e no 12.º só há um aluno para terminar um módulo.
Já cativei os alunos com o meu ice breaker infalível: "a three-legged cat that behaves as if she had six". E, no seguimento disto, ainda ouvi uma das alunas a dizer a outra: "A professora é mesmo engraçada."
Bem sei, eu deveria ter ido para comediante.
Um facto muito interessante sobre esta turma foi saber que vários dos alunos gostam muito de ler. E há também uma aluna que faz voluntariado num canil. Outras duas são desportistas natas. Sinto boas vibrações. Acho que vai ser bom trabalhar com estes alunos.
No fundo parece que despertei de um longo sono ou hibernação. Já consegui fazer os testes de diagnóstico para o 10.º e 11.º e já comecei a contabilizar aulas para preencher a papelada da planificação anual. Depois é lançar-me às planificações dos primeiros módulos e criar materiais (devo conseguir aproveitar muita coisa dos dois anos letivos anteriores).
Ainda não iniciei os trabalhos na segunda escola e, embora tenha lá estado hoje em reunião com a diretora pedagógica, está tudo ainda muito no ar: horário, programa, planificações, etc. A ver se consigo assentar arraiais.
25.9.15
abraçar o novo
Ao fim do dia enfiei o fato de banho, o vestido e as havaianas. Peguei
na toalha, na garrafa de água e no livro e lá fui eu para a bela da
praia de Paço d'Arcos. Duas horinhas ao sol, um mergulho na água fria e
saí de lá como nova. Depois ainda houve um bocadinho de tempo para estar na esplanada a beber um galão e a ler mais um pouco.
Tenho descoberto em mim novas vontades e novas formas de estar. Independente da presença de outros. Satisfeita com a minha própria presença. Sem me aborrecer e sem me sentir extremamente só. Talvez se assemelhe a plenitude ou harmonia, ou a algo lá perto.
Novos caminhos se adivinham. Novas aventuras se avizinham. Estou verdadeiramente pronta para abraçar o novo.
24.9.15
conspiração cósmica
O Universo conspirou a meu favor mas de forma muito comedida. Calhou-me um horário de 8h numa escola profissional. Havia surgido antes desta colocação a possibilidade de colaborar numa outra escola com um horário de 5h. Tudo junto dá 13 horas. Numa com contrato e na outra a recibos verdes. É o que há. O ordenado vai dar para pagar as contas à justa. Não vai restar dinheiro para mais nada. Por isso terei de encontrar algo mais para fazer dinheiro. No fundo chama-se a isto sair da zona de conforto.
23.9.15
em recuperação
Estou em recuperação do esforço dispendido no passado sábado. Além da brutal nódoa negra na perna, provocada pela totó parada no meio da ciclovia, tenho dores na zona lombar que se estendem pelos glúteos e pernas, resultado de inflamação nos tendões. Já estou a usar as pomadas e cremes devidos para uma e outra maleita e hoje de tarde fiquei a repousar. No sábado terei de estar a 100% para a I Mini maratona Campus de Justiça na qual vou participar com uma amiga na modalidade de caminhada. Quem sabe não se abre aqui um precedente para outras maratonas e, quem sabe até, não se abre um precedente para corridas à séria. Mas uma coisa é certa: a paixão pela bicicleta veio para ficar. :)
20.9.15
Lisboa Ciclável 2015
O evento Lisboa Ciclável foi o máximo! Espero que tenha sido o primeiro de
muitos. Participaram mais de 1000 pessoas, desde grupos a pessoas
individuais
como eu, famílias inteiras e montes de crianças.
Nem tudo correu na perfeição. Assisti a pelo menos 3 quedas. Eu admito que já previa que tal acontecesse devido ao elevado número de participantes, daí ter sido muito cautelosa e posso orgulhar-me de não ter provocado nenhuma. Mantive sempre presente os
ensinamentos de um amigo para manter a devida distância dos outros
ciclistas. E foi isso que me safou de não ter sido apanhada nas duas
primeiras quedas a que assisti. Como
mantive a devida distância, travei suavemente sem causar transtorno a
ninguém. Felizmente os que seguiam atrás de mim eram igualmente
conscienciosos e não levei com nenhum em cima.
Andei a esquivar-me boa parte do tempo de uma mulher que não conseguia
fazer um metro seguido a direito, o pedalar dela era aos zig zag e
estava sempre colada às bicicletas da frente, por isso não admira que
ela tenha sido protagonista de uma das quedas que envolveu crianças
também.
Os paizinhos deveriam ser mais responsáveis nestes
eventos e manterem as crias por perto. Parte das crianças andavam também
a zigzaguear pelo meio dos ciclistas e paravam de repente no meio da
via. Foi assim que dois ciclistas adultos chocaram com duas crianças. Mas houve excepções. Vi, por exemplo, um pai que acompanhava uma pequena de uns 5 anos na sua bicicleta com rodinhas de apoio. A menina foi sempre ao lado do pai. E o pai, paciente, seguiu sempre ao ritmo da filha, chegando mesmo a fazer boa parte do percurso a empurra-la suavemente pelas costas com a sua mão.
De resto a organização fez um óptimo trabalho. Recebi uma T-shirt bem
catita que conto usar nas minhas voltas futuras com a btwin.
O
dia foi pautado por uma série de momentos giros. Falei com um miúdo que
vinha de São Marcos com um amigo. Emprestei o meu telefone a uma miúda
para ligar aos pais. Uma turista ofereceu-se para me tirar uma foto com o
meu telemóvel. A caminho de casa, ao fazer uma mudança, a corrente saíu
do sítio e um miúdo que ia a passar, também de bicicleta, voltou atrás e
ajudou-me.
Todos estes momentos fixes ofuscam a doida parada no
meio da ciclovia ali nos lados do Cais do Sodré, a quem eu tocava
violentamente a minha campainha, mas a senhora continuava ali parada.
Fui forçada a fazer uma paragem brusca. Magoei-me na perna (tenho umas belas nódoas negras que me dificultam o andar) e só não dei
uma queda aparatosa porque já consigo manter melhor o equilíbrio.
Estúpida! A mulher, obviamente, não eu.
adiante
Não consegui, como já previa, o horário no colégio. Fui indicada por alguém que me indicou precisarem de um professor para o 3.º e 5.º anos. Afinal procuravam uma pessoa para o pré-escolar e todos os anos do 1.º ciclo. Claro que não tendo qualificações para tal é mais que natural que não ficasse com o horário.
Adiante.
18.9.15
logo se vê
Ao fim de quase 9 meses surge uma entrevista de trabalho. Fantástico. Não estou, naturalmente, em posição de recusar o que quer que seja mesmo sabendo de antemão que estarei a perder o meu tempo. Trata-se de um horário num colégio privado todo pipi. Está-se mesmo a ver.
17.9.15
as questões certas a colocar
Devemos sempre deixar em paz aqueles que não nos querem nas suas vidas. Devemos respeitar essa escolha porque há razões para tal. A nós custa-nos, claro. E não devemos perder muito do nosso precioso tempo com perguntas como "Porquê?". Perdemos o nosso tempo porque aqueles que nos deixam nunca nos dão a verdadeira razão para o fazer; escondem-se por detrás de discursos subtis e fragmentados e as criativas justificações como "Não és tu, sou eu." e outras do género, nunca chegando à questão fulcral.
Quando alguém não nos quer isso só por si deverá bastar para nos afastarmos. Porque razão haveríamos nós de querer ficar com alguém que não nos quer? Porque razão vamos atrás de quem não nos quer? Essas, sim, são as questões que nos devemos colocar.
14.9.15
...
"As long as the dead are not in the way there is no need for any rush, they cannot die a second time.
in "A Death in the Family", Karl Ove Knausgaard
13.9.15
...
"There is a connection between boredom and the desire for chaos. Despite many disguises and bluffs perhaps she had never stopped wanting chaos."
in "NW", Zadie Smith
10.9.15
da falta de veracidade do muito que nos dizem
Há pessoas que mentem e acreditam piamente nas suas mentiras. Depois jorram-nas em cima dos outros como se fossem as maiores e mais imaculadas verdades. Há pessoas que não sabem ser melhor do que aquilo que são. Tentam, querem ser melhores, mas não conseguem. Por isso vomitam inverdades a torto e a direito. Mentiremos tanto quanto elas se decidirmos tomar por verdadeiras as suas falsas palavras?
7.9.15
a ler
A ler, e quase a chegar ao fim: "NW" de Zadie Smith e "Him with his foot in his mouth" de Saul Bellow. Estou a gostar de ambos. O primeiro é um romance experimental que segue a vida de quatro personagens e vai oscilando entre a primeira e a terceira pessoa; é, em suma, um livro eclético. O segundo é um conjunto de short-stories e a abordagem estilística é clássica. Estou a gostar das duas leituras, especialmente por serem tão diversas.
5.9.15
interrogações
Já há alguns dias que noto ter mais dificuldade em adormecer. Fico acordada até tarde porque não tenho sono. Este é um desses dias. Sempre que isto me acontece eu sei do que se trata: preocupação extrema. E, neste momento, bem posso preocupar-me. Estamos em Setembro e eu continuo desempregada. A cabeça dá voltas e voltas para encontrar soluções. Vejo anúncios todos os dias; não respondo à maioria porque não preencho os requisitos. Se respondo recebo respostas negativas ou não recebo respostas. Aguardo uma colocação no Concurso Nacional, o que será sempre uma solução a curto prazo tendo em vista a actual situação dos professores neste país. Não me ocorrem ideias válidas para um negócio próprio.
Há 4 anos quando saí de casa da minha mãe e me mudei para este apartamento, para finalmente começar a gozar a minha independência, eu julgava estar a dar um passo importante na minha vida que me iria levar a algo mais rico e mais sólido. Tinha como objectivos o meu crescimento pessoal, emocional, amoroso, profissional. E estava absolutamente convicta de que algumas coisas acabariam por acontecer como consequência natural de outras. Resolvi arriscar com a mais pura e inocente convicção de que tudo correria bem. Nos últimos anos conseguira trabalho e parecia haver uma tendência para a estabilidade profissional. Saíu-me o tiro pela culatra. Literalmente.
O final deste ano será decisivo. Poderei ter de deixar esta casa e regressar ao lar materno. Terei de deitar muita coisa fora e vender parte dos móveis.
Sinto-me num beco sem saída. Completamente derrotada.
E pergunto-me naturalmente: o que estou eu a fazer mal? Porque razão não faço as coisas acontecer como as outras pessoas?
Esforço-me menos? Sou mais preguiçosa? Sou menos empreendedora? Sou menos ambiciosa? Tenho menos capacidades? Tenho mais azar? Faço piores escolhas?
4.9.15
...
"It's usually the selfish people who are loved the most. They do what you deny yourself, and you love them for it. "
in "A Silver Dish", Saul Bellow
2.9.15
Procissão Senhor Jesus dos Navegantes
No último domingo assisti pela terceira vez à Procissão do Senhor Jesus dos Navegantes em Paço d'Arcos. Desta vez a benção foi feita em pleno mar ali ao largo da Praia Velha, também conhecida como Praia dos Pescadores. Antigamente a benção era sempre feita no mar, depois passou a ser feita junto à marginal e houve tempos até em que nem se atravessava a marginal para o lado do mar. Mudam-se os padres, mudam-se as tradições.
1.9.15
"You're not you"
O título em português é "Ponto de viragem". É pena que tanto se perca na tradução, embora exista a relação do ponto de viragem na vida das várias personagens, em especial na vida de Bec, genialmente interpretada pela muito talentosa Emmy Rossum, a Fiona Gallagher de "Shameless" (versão USA). Uma jovem que anda à deriva, à procura de um rumo, apanhada numa espiral de auto-destruição. No fundo, Bec não sabe ser boa para si mesma. E é isso que ela aprende quando é contratada para cuidar de Kate, magnificamente interpretada por Hilary Swank, uma mulher de sucesso, tanto a nível profissional como pessoal; uma mulher a quem nada parece faltar, com uma vida equilibrada e com abundância que vê tudo desabar ao ser-lhe diagnosticada esclerose lateral amiotrófica.
Bec aprende a cuidar de Kate e tenta suprir-lhe todas as faltas. Bec grita no lugar de Kate quando esta, já num estado avançado da sua doença degenerativa, não o consegue fazer. Existe uma força na relação entre as duas mulheres que vai além da amizade. Há um amor, uma entrega, uma partilha, que certamente poucos seres humanos irão alguma vez sentir nas suas vidas.
No final, quando Kate pede a Bec para a deixar, Bec volta e fica presente no momento mais duro e terrível, o da morte de Kate. E é aí que finalmente percebemos a força intensa dessa jovem sem rumo. Estar presente no momento derradeiro é possivelmente das acções mais nobres que um ser humano pode ter por outro; não deixar alguém só no momento da sua morte é algo que muito poucas pessoas estão dispostas a fazer ou que conseguirão fazer.
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