31.3.09

A (in)sustentável leveza da interrupção da Páscoa

Um sentimento de leveza e bem-estar envolveu-me intensamente quando foi dado por encerrado o último conselho de turma de avaliação do 2º período. Seguem-se duas semanas sem ter de aturar os putos do 7º ano. Duas semanas!

Terei férias parciais. Continuarei a dar as aulas de formação às duas turmas do 1º ano do Curso de Assistentes Dentários (a do 2º ano acabou na semana passada o ano lectivo) e aproveitarei boa parte do tempo para elaborar e/ou concluir testes e fichas (algum trabalho já foi despachado entre 5ª da semana passada e ontem). Ainda me resta levar a cabo a tarefa da avaliação dos Portefólios do 10º profissional (o que conto fazer até ao final desta semana) e começar finalmente a elaborar o meu próprio Portefólio.

Dedicarei também algum tempo aos amigos. Já tenho alguns encontros marcados para pôr a conversa em dia.

29.3.09

Breakfast on Pluto



Maravilhoso!

27.3.09

Leituras

Resolvi ainda deixar Kafka à beira mar na prateleira e peguei em The Bedroom Secrets of the Master Chefs de Irvine Welsh. A escolha deve-se meramente a uma questão prática: ando todos os dias carregada com kgs de papel + portátil e em termos de volume o livro de Welsh é mais pequeno e menos pesado do que o de Murakami. O estilo de Welsh neste livro parece-me mais "sóbrio" do que em Trainspotting e Glue, mas encontram-se personagens que parecem partilhar o mesmo tipo de universo. Os diálogos, tal como nos outros dois livros que li, são particularmente interessantes em termos de registo. Um pequeno exemplo:
Got so fuckin low oan perch that the locals were flinging in the wooden spars fae their budgerigar cages, jist tae make the numbers up!

25.3.09

Páscoa à vista

Depois do dramático final d'O Idiota acho que me vou dedicar à leitura de Kafka à beira mar de Murakami. Isto para desanuviar um pouco destas semanas intensivas de avaliações para aqui e para acolá. Dado que cada uma das turmas do curso de Assistentes Dentários tem um calendário de aulas diferente, isto significa que para além de trabalhar durante a interrupção da Páscoa terei também alguns testes e fichas de avaliação para corrigir e avaliações de final de período imediatamente antes e depois da dita interrução. Tenho-me conseguido organizar, mas a algum custo pessoal: recuso convites para sair com os amigos e passo demasiado tempo enfiada em casa de volta "do trabalho"; o tempo passado com a cara-metade é também muito reduzido. E isto irá servir-me, pergunto eu, de quê?

Ando danada com os alunos do profissional. São, no geral, uns calões. Embora sejam miúdos porreiros e os adore sinto-me irritada pelo facto de serem uns irresponsáveis. Deram-se TODOS ao luxo de não entregar um trabalho de grupo que tinha igualmente uma componente de apresentação oral, o que significa que neste momento, depois de ter feito o teste relativo ao módulo 2 e de ter começado a preencher as grelhas de avaliação do módulo, terei de fazer uma avaliação extra para que alguns concluam o módulo. Ainda espero que alguns consigam atingir uma classificação positiva com o Portefólio... mas naquela escola os Portefólios são assim uma espécie de amigos imaginários... só existem na cabeça das pessoas e parece que neste caso só existem na minha.

24.3.09

Exposição de Barahona Possolo

No domingo, entre avaliações de Portefólios do 7.º ano, conclusões de avaliações de 2º período para o básico e correcções de testes do profissional (ainda por concluir) dei um salto à Sala do Veado no Museu Nacional de História Natural para ver, indicada por uns amigos, a obra de Barahona Possolo. Fiquei siderada. Desconhecia por completo o trabalho do pintor e rendi-me por completo à intensidade dos seus quadros. Aproveitem até ao dia 29 de Março, a entrada é gratuita. E, se quiserem, espreitem aqui também para uma amostra do trabalho de Possolo.

20.3.09

Insucessos

Ensinar as crianças das minhas turmas do 7.º ano é uma tarefa que me deprime de tal modo que findo o ano lectivo necessitarei certamente de algum tipo de tratamento. Contudo, nem sei porque raio me queixo tanto. Percebi que lá bem no fundo os miúdos preocupam-se comigo e só querem o meu bem, não me querem ver sobrecarregada de trabalho nem de papel; é por essa razão que nas duas turmas, cada uma neste momento com 24 alunos (uns foram transferidos e outros vieram transferidos por isso o número de alunos nas turmas do 7.º ano não tem sido fixo desde o início do ano lectivo) recebi no total 9 Portefólios e foi por essa mesma razão que numa das duas turmas em dia de teste faltaram 6 alunos ao passo que na outra faltaram 3. Ainda não avaliei os Portefólios e por isso de momento os níveis negativos lideram a tabela dos registos de avaliação feitos no excel.

Em contrapartida a percentagem de sucesso nas turmas dos Assistentes Dentários continua a ser de 100%... valha-me isso!

18.3.09

Slumdog Millionaire

Testes e fichas, avaliações finais, participações disciplinares, declarações eletrónicas fiscais, decretos regulamentares e aberturas de concursos... e no meio disto tudo necessidade de RESPIRAR. Por essa razão aceitei ontem ir ao cinema e deixar, sem qualquer ponta de culpa ou consciência pesada, os testes por corrigir em cima da secretária (neste momento já se encontram todos corrigidos - sou uma menina linda!).

Slumdog Millionaire é um retrato triste de uma sociedade em parte decadente, degradante, miserabilíssima. Mas eis que surge no meio de todo aquele caos a esperança, sem a qual estamos condenados a uma morte espiritual, e por vezes física, prematura.

O Idiota - excerto

É que existe aqui toda uma vida e um sem-fim de ramificações escondidas de nós. O melhor jogador de xadrez, por mais perspicaz que seja, apenas é capaz de calcular alguns lances próximos; de um xadrezista francês, que conseguia prever até dez lances, falava-se como se de um milagre se tratasse. Por isso, pergunto eu, quantos lances numa vida e quanta coisa dessa vida é para nós desconhecida?

in O Idiota, Fiodor Dostoiévski

14.3.09

Vésperas de Aniversário

E novidades? Amanhã farei 37 anos. Estou uma senhora. A chatice é ter de continuar a aturar miúdos chatos e mal-educados. Não obstante as minhas múltiplas e contínuas queixas a verdade é que as criancinhas moderaram os comportamentos em relação ao 1º período de aulas. Infelizmente o próximo e derradeiro período lectivo será uma luta constante entre mim e os petizes para que as regras (que chatice, as regras...) sejam, se não integralmente cumpridas, pelo menos tidas em conta de vez em quando.

Não me cansaria tanto não fosse o facto de na verdade detestar as turmas que tenho e a escola onde me encontro este ano lectivo. Também não gosto dos colegas na sua maioria. Estou, portanto, insatisfeita. E nem o bom trabalho que tenho conseguido junto das turmas do curso de Assistentes Dentários me tem servido de consolação.

Eu estava mentalmente doente quando optei pela via de ensino.

Mas deixemo-nos de lamúrias. Dizia eu que amanhã é o meu dia de aniversário. Encontro-me perto dos 40 e com a mesma disposição da juventude. Contudo, apercebo-me que a vida não foi nada do que eu esperara. Não digo planeara porque efectivamente eu não planeei nada, mas esperava nesta altura, pelo menos, ter uma vida profissional estável que me permitisse ter o meu próprio apartamento e dinheiro para viver desafogadamente com muitas viagens pelo estrangeiro e tempo suficiente para me dedicar aos meus interesses. Mas a verdade é que não tenho grandes razões de queixas. Amo e sou amada, o que poderá ser mais precioso do que isso?

10.3.09

O Idiota - primeiras impressões

Dostoiévski descreve primorosamente, pelo menos assim julgo, a sociedade russa do século XIX. O príncipe idiota destaca-se no meio de personagens arrogantes, agiotas, mesquinhas, interesseiras. É impossível não simpatizarmos com a sua personagem: um jovem tímido, doente (reminiscências da epilepsia de que Dostoiévski também sofria), mas puro - um verdadeiro humanista.

A narrativa é repleta de descrições deliciosas e rebuscadas e de peripécias várias que, em muitas ocasiões, me fazem soltar estrondosas gargalhadas.

O marcador já se encontra na página duzentos e tal. Ainda faltam mais de quatrocentas. Começo a achar que ficarei com pena quando chegar ao fim da leitura.

9.3.09

A inocência descarada

Na sexta-feira uma das meninas teve falta disciplinar por se encontrar a ouvir música no seu mp3 (ou 4) em plena aula. Enquanto eu fazia a sistematização do Past Simple ela dedicava-se mais à música. Puxei o fio que surgia de um emaranhado de fios em cima da mesa e subia pescoço acima camuflado pelos cabelos compridos e escuros da moça e perguntei: "O que é que está a fazer?". A resposta mais pura e inocente: "Estou a ouvir música." A minha resposta: "Não faz mal. Deixa de ouvir música e fica já com a participação disciplinar." Retomei o que estava minutos antes a fazer para ser interrompida pouco depois por um dos colegas com a sua vozinha mais inocente:"Ó stóra, mas qual é o problema de estar a ouvir música?"

Sim, na verdade, qual é o problema? E, agora pergunto eu: e qual era o problema de lhes dar uns bons tabefes?

7.3.09

Uma breve actualização

Não são férias mas ao menos é um fim-de-semana de dois dias em que dedicarei boa parte do tempo ao trabalho. Double damn! Hoje de manhã já ficou pronto o teste de conclusão do Módulo 1 de uma das meninas do 10º profissional; o teste alternativo para um dos alunos do 2º ano dos Assistentes Dentários e as três participações disciplinares que ainda consegui semear ontem na aula de uma das turmas do 7.º ano; as aulas da próxima semana já estão alinhavadas. Felizmente consegui corrigir , até ontem, as duas turmas de testes desta última semana. Já só me falta preparar algumas acitividades e dois testes para o curso dos A.D.

Anyway... haverá tempo para apreciar a companhia da cara-metade e para estar com a N a percorrer, como de costume, e à semelhança do Ricardo Reis e dos seus inúmeros, as ruas do Chiado e imediações.

E tem havido também tempo, nas minhas, quase intermináveis, viagens de autocarro/comboio/metro diárias para as leituras. Terminei o excelente O Ano da Morte de Ricardo Reis e fiquei a saber que o Álvaro de Campos era um safado! Ricardo Reis não era má pessoa, mas tinha os seus preconceitos. É uma leitura que vale bem a pena; riquíssima em referências literárias, culturais e históricas.

Ontem lancei-me em nova aventura literária. Peguei no Idiota de Dostoiévski. O livro é grande e por isso deverá acompanhar-me ao longo de umas boas semanas. Li poucas páginas e já estou fascinada com a escrita rica e elaborada do autor russo, do qual li, há muitos anos, o extraordinário Crime e Castigo. Qualquer dia dedico-me a outro grande autor russo, o de Guerra e Paz e Ana Karenina.

6.3.09

Quero tanto férias

A semana passou-se sem acontecimentos de grande registo (só tenho uma participação disciplinar, mas ainda poderei semear mais uma ou duas depois da aula de hoje). O mês de Março será exclusivamente dedicado a elaborar e corrigir testes e fichas de avaliação, a avaliar Portefólios e a preparar a avaliação final das turmas do 7º ano da escola e de duas das turmas dos Assistentes Dentários. Até vai doer...

Estou farta deste ano lectivo. Estou no fundo a desenvolver trabalho de raíz com qualquer uma das 6 turmas que tenho e muito possivelmente todo o trabalho que estou a desenvolver não será aproveitado para o próximo ano. Ou seja estou literalmente a trabalhar para o boneco.

Quero férias. Em Agosto. Quero passar tardes infinitas na conversa com a D e com o ZP à beira do Danúbio, ou do lago Balaton, numa Kaffeehaus em Viena ou em qualquer uma das pontes de Praga.

1.3.09

Fui às compras

Findos os saldos resolvi ir às compras. Este fim-de-semana juntei mais alguns títulos à minha modesta biblioteca:

do japonês Haruki Murakami:

  • Hard-boiled Wonderland and the End of the World
  • Kafka à beira-mar (na Fnac acima dos 20 euros, na Worten por 14,90; optei pela tradução na língua materna por não o ter encontrado em inglês)
do russo Dostoievsky:

  • O Idiota

No roupeiro acrescentei uma camisola preta da Zara (a minha primeira peça da Zara pois até há pouco tempo eu não tinha tamanho para roupa lá comprada), na gaveta da roupa interior, dois pares de collants, também pretas mas com diferentes padrões.