18.7.09

O direito de não ter filhos

Recentemente fiquei a saber que uma pessoa com a qual me relacionei no passado casou e será pai em breve. Nada disso me surpreendeu. No fundo parece que a ordem natural das coisas (o que quer que isso seja) implica o casamento, ou pelo menos o ajuntamento, e consequentemente os filhos. Do meu círculo de amigos há algumas pessoas casadas - bem poucas na verdade - sendo a maioria solteira. E eu pertenço ao clube dos solteiros. Estou há um ano e meio envolvida com alguém emocionalmente, é certo, mas continuo a ter vida de solteira e planos de solteira. Portanto, o casamento e os filhos continuam a não fazer parte dos meus planos futuros. Nunca senti o chamamento maternal e confesso não querer essa responsabilidade.

Outra amiga minha está à espera do segundo filho, o que eu acho na realidade espantoso. E há meses falei com outra amiga que me confessou ter equacionado a hipótese do terceiro filho. E eu tenho pensado: com tanta gente a ter filhos, eu certamente não necessito de gerar os meus para perpetuar a espécie humana!

Claro que esta tomada de posição deixa os tios e as tias e restantes familiares um bocado à nora. Mas como é que eu lhes posso explicar, sem ofender ou ferir susceptibilidades, que eu não quero para mim a vida que eles escolheram!? Eu não quero centrar a minha vida em horários de limpezas da casa, confecção de refeições e idas ao supermercado. Não quero passar noites em claro a pensar se conseguirei o dinheiro para pagar o colégio do Bernardo ou onde vou arranjar o dinheiro para o aparelho da Madalena. Não quero passar parte da vida a trabalhar sem ter tempo para dedicar aos meus filhos. Em suma, não quero passar uma vida a transmitir as minhas frustrações aos meus filhos.

Para mim seria importante, diria mesmo essencial, oferecer a esperança de um mundo melhor aos meus filhos. Perante essa impossibilidade eu opto pelo meu direito a não tê-los.

5 comments:

Precious said...

Eu gostava de ter filhos, mas infelizmente a vida ainda não seguiu esse caminho.
Mas percebo totalmente quem não queira seguir esse caminho. E acho que não devia ser objecto de crítica e observação por parte dos outros ou exigir justificação.

Maria Felgueiras said...

As pessoas no geral sentem-se ofendidas ou partem imediatamente para críticas descabidas como se uma pessoa não tivesse o direito a não ter filhos, a não casar, etc. Haja gente como tu: com os horizontes largos!

Vee said...

Cada qual tem o direito de fazer a omelete que quer com os seus óvulos. :P Concordo contigo!

Eumesma said...

Olá!!!

Penso exactamente como tu, e tb não tenho filhos nem os tenciono ter.
É uma opção de vida como outra qualquer, e se as pessoas não respeitam isso é porque também provalvelmente não respeitam outro tipo de coisas.
Há que aceitar as escolhas dos outros ainda que essas escolham não façam muito sentido para cada um de nós.

Maria Felgueiras said...

É isso mesmo: respeito acima de tudo pelas escolhas de cada um.

Meninas, obrigada pelos comentários e partilha de opiniões. :)