22.5.10

A Morte de Ivan Ilitch

Na contra-capa pode ler-se: "A Sonata de Kreutzer, escrita em 1889 é, com A Morte de Ivan Ilitch, uma das mais importantes novelas de Tolstói." É verdade, estreei-me a ler esse grande autor russo, Leo Tolstói. A Morte de Ivan Ilitch é uma reflexão sobre as coisas da vida e da morte. Ivan Ilitch já morreu quando iniciamos a leitura do livro, mas a partir do capítulo seguinte vamos acompanhar toda a sua vida até ao derradeiro final.

Vladimir Nabokov exasperava-se, e com razão, de cada vez que lia num trabalho dos seus alunos, a respeito do estilo de Tolstói, coisas como "o seu estilo é simples", "o seu estilo é bonito e simples". Na verdade, o estilo de Tolstói é tudo menos simples. Cada frase acrescenta algo novo à anterior como se se quisesse, com esse exercício de escrita, aprofundar as ideias a cada nova reflexão, a cada nova linha.

Acompanhamos Ivan Ilitich ao longo da sua vida e compadecemo-nos, seria impossível tal não acontecer, com os meses que antecedem a sua morte. São momentos terríveis, esses da espera do momento final. Mais premente do que a questão "porquê?" será indubitavelmente "O que se segue?". O livro iniciado num tom que diria quase leve e jocoso torna-se pesado e denso nas páginas finais. Leitura vivamente recomendada.

Espero pegar ainda este fim-de-semana em A Sonata de Kreutzer para desanuviar de tantos testes e provas de recuperação.

2 comments:

Precious said...

O problema de ter demasiados livros e não ter uma base de dados, é que não se segue depois facilmente o rasto do que temos.
Acho que tenho e já li, mas tenho de ir fazer arqueologia para o encontrar.
Tive uma fase na adolescência que me dediquei aos russos. Qualquer diz, começo a dedicar-me novamente, mas na língua original.

Maria Felgueiras said...

Os russos nunca os li na adolescência. Li "Crime e Castigo" já na Faculdade, mas curiosamente nem tenho o livro. Na altura foi uma colega quem mo emprestou.
Nos últimos anos tenho dedicado alguma atenção aos russos. Voltei a ler Dostoievksy. E li também Gógol. Agora estou na fase Tolstói e muito entusiasmada.
No original nunca os lerei (já esqueci quase tudo o que aprendi no meu ano de russo e não tenho planos de voltar a estudar a língua), mas hoje até pensei nisso e no que se perde ao ler-se uma tradução.
Precious, acho que nunca se tem "demasiados" livros! :-)