30.5.08

Ninguém está livre de lhe acontecer...

Aconteceu com a Vee há tempos. Eu sabia que um dia haveria de calhar-me a mim. Aula de Área de Projecto: os meninos a trabalhar em grupo numa tarefa que consiste em produzir um texto em Inglês sobre um dos projectos anteriormente realizados. Um dos rapazes vem ter comigo, que me encontrava a prestar auxílio a um dos grupos, e pergunta: "Ó stora, como é que se diz overdose?"

26.5.08

Actualização de Leituras

Ontem concluí a leitura de The Lost Continent. Publicado em 1989 trata-se de um dos primeiros livros de Bill Bryson. O autor relata as suas viagens durante o Outono de 1987 e a Primavera de 1988 pelos Estados Unidos da América com especial incidência pelo Midwest. Não o apreciei tanto quanto Made in America, Notes from a Big Country ou Notes from a Small Island, mas foi, de qualquer modo, uma boa leitura (que nos permite perceber a diversidade geográfica da América do Norte) com muito bom humor à mistura. Comecei, também ontem, a ler Neither Here Nor There. Neste, Bryson oferece-nos um relato das suas viagens pela velha Europa, começando pelo trajecto que o leva bem a Norte com o objectivo de apreciar as auroras boreais.

25.5.08

Malditas cadernetas

Nunca tive muito o hábito de escrever recados nas cadernetas. Esta falta de hábito deve-se essencialmente ao facto de ter leccionado durante mais tempo turmas do secundário. No ano passado com o 9º ano lá escrevi uns quantos recados e este ano dou por mim a voltar a essa grande chatice (porque é, acima de tudo, uma chatice) de pedir a caderneta a alguns alunos para lá escrevinhar uns recados para os respectivos encarregados de educação. Sem grande espanto a primeira coisa que respondem quando a caderneta lhes é pedida é: "Não tenho a caderneta comigo." ou "Ficou em casa". Não faz mal, digo eu, o caderno também serve. E é ver os seus olhos furibundos.

Sexta-feira, na aula de Área de Projecto, distribuí umas micas com alguns documentos por cada grupo de trabalho e qual não é o meu espanto quando ao passar por um dos grupos reparo que a mica ( a MINHA mica comprada com o MEU dinheiro) está com aspecto de ter saído da boca de um cão. Perguntei às criaturas: "Isto não estava assim quando vos entreguei ainda há pouco, pois não?" Acenaram as cabeças em concordância comigo. "Então, passem para cá as cadernetas."

Uma das criaturas vasculha a mochila e eu à espera de ouvir a desculpa do costume de "Ficou em casa." mas eis que milagrosamente aquela não havia sido esquecida em casa! Hooray! O puto retira a caderneta da mochila e atira-a. ATIRA-A na minha direcção. Eu fico a olhar para ele. Pego na caderneta e atiro-lhe a caderneta de volta com tal violência que ela foi cair no chão. E pergunto: "Oiça lá, acha que isto são modos? Gostou que lhe tivesse atirado assim a caderneta? Vamos lá a ver se há maneiras." E houve, quando me voltou a entregar a caderneta, esta já não foi atirada e, posteriormente, as fichas e mica com respectiva documentação foram-me entregues e não atiradas.

Confesso que, aliado a uma série de outros factores, a profissão que exerço já me cativou mais do que o que me cativa actualmente. Encontro-me profundamente desconsolada. E muito em especial desconsolada com estes comportamentos de constante desafio à autoridade do professor. De pura má-educação. De gente que parece que viveu uma vida inteira enfiada numa barraca ou numa caverna desconhecendo por completo que em sociedade existe um código de normas e de regras que, quando cumpridas e seguidas, tornam a vida de todos bastante mais agradável.

E o mais alarmante é que estes miúdos não são, nem de longe, dos piores que existem nas escolas e com os quais uma pessoa trava uma luta constante. Ora são os papéis atirados ao chão, ora são as agressões aos colegas, o tirar o material uns aos outros, o uso dos telemóveis, o uso dos IPods e leitores de mp3, a ausência de material escolar, as respostas tortas, o virar-se para trás e para o lado, o estar constantemente a falar, o interromper o professor a meio de uma explicação ou da correcção de um exercício para perguntar se pode deitar o papel no caixote ou se pode ir buscar a caneta à colega x ou ao colega y, as fichas de trabalho amarrotadas, as borrachas atiradas uns aos outros, os insultos uns aos outros, as pastilhas elásticas, os palavrões que lhes saiem naturalmente pela boca fora porque, afinal de contas, aquela é a sua linguagem.

Torna-se um bocado cansativo corrigir estes comportamentos. Uma pessoa lá tenta, entre a assertividade e a flexibilidade, uma estratégia que possa surtir algum efeito positivo e, com alguns dos meus, já percebi que os melhores resultados são obtidos com a bela da falta disciplinar. Ah, e no meio disto tudo há os programas do ministério e as planificações a cumprir.

23.5.08

Maldito T.P.C.

Há tempos houve por aí um movimento contra os trabalhos de casa ao qual eu fiz orelhas moucas. As tarefas de trabalho de casa, com conta, peso e medida são essenciais para a revisão e consolidação de conhecimentos. No caso do Inglês há que fazer exercícios regularmente, pois de outro modo não se passa da cepa torta.

Recentemente escrevi um recado no caderno de um aluno a informar o encarregado de educação que o seu educando nem sempre cumpria com o T.P.C.. A resposta foi a de um encarregado de educação educado, com bom-senso e preocupado com os resultados escolares do seu educando. Pediu-me se havia a possibilidade de o seu educando fazer os trabalhos em atraso. É claro que dou essa possibilidade ao aluno. Indiquei-lhe os exercícios e tarefas que não haviam sido feitas e ele comprometeu-se a fazê-las. A uma colega minha uma mãe respondeu recentemente que tinha ido de férias e que ela (a minha colega) agisse como quisesse e que marcasse falta ao aluno se assim entendesse por este não ter feito os trabalhos de casa.

19.5.08

Actualização de leituras

Na realidade não posso afirmar que ande esgotada, mas o cansaço começa a pesar. Não obstante, as leituras prosseguem a bom ritmo. Proclamo-me agora grande apreciadora de Saramago. Já havia gostado muito de Memorial do Convento, tendo-o mesmo eleito como um dos meus livros preferidos, e de Ensaio sobre a Cegueira. Poderei agora acrescentar A Caverna à minha lista de preferências. É um livro que convida à reflexão sobre a condição humana, o amor, os laços, a solidão, as raízes, a mudança e a coragem. Ficou a vontade de ler mais obras do polémico autor e Todos os Nomes já ali se encontra na estante à espera que lhe pegue em breve. Por enquanto vou-me dedicando a Conhecimento do Inferno de António Lobo Antunes, autor que só muito tarde descobri e do qual ainda só li Manual dos Inquisidores. O seu estilo mais pesado, mais denso e rebuscado tornam a leitura por vezes algo penosa, assim como os temas: a guerra colonial e seus traumas.

13.5.08

Uma passagem rápida pela Dimensão...

... para um brevíssimo update.

O final do 3º período já está à espreita. Pelo meio de testes e muito TPC (poor little children) lá se vão escrevendo umas participações disciplinares (para não se perder o hábito).

Felizmente tenho encontrado alguma disponibilidade para algumas das minhas leituras (os quase 120 minutos - por vezes acrescidos de mais 100 - passados diariamente em meios de transporte têm propiciado momentos de uma riqueza cultural ímpar). Estou a gostar muitíssimo d'A Caverna e pretendo ler brevemente Todos os Nomes dado ter descoberto que estes dois e o Ensaio Sobre a Cegueira formam uma trilogia, considerada por muitos, digna de se ler.

Por outro lado, e numa nota menos positiva, o tempo passado com os amigos tem sido quase nulo e o pouco tempo em companhia da cara-metade vai-se arranjando com algum custo.

Dignos de registo são também os progressos no Alemão. Fui brindada com um 1 (Sehr Gut = Muito Bom) no primeiro teste efectuado, há algumas semanas, para testar a compreensão auditiva, e aguardo agora os resultados do teste relativo à compreensão de texto, vocabulário e gramática. Existe a intenção de fazer, pelo menos, mais dois semestres. Veremos se o futuro coopera.

6.5.08

Einstürzende Neubauten na Aula Magna



Quem esteve presente no domingo passado, 4 de Maio, na Aula Magna saíu de lá absolutamente inebriado pelo extraordinário concerto dos Einstürzende Neubaten por ocasião da apresentação de mais um álbum - Alles Wieder Offen - na sua longa carreira. Foi a primeira vez que vi os senhores ao vivo e tenho agora mais um desejo na vida: tornar a vê-los num futuro, que espero próximo, num espectáculo ao vivo.

Blixa Bargeld apresentou-se em palco todo vestido de preto; um colete e um casaco faziam parte da sua já usual indumentária. Facto curioso: os seus pés descalços. Toda a sua figura, a sua voz cheia e os seus gestos teatrais são espantosamente envolventes, isto aliado à poesia dos sons que vão sendo construídos, desconstruídos e reconstruídos com o auxílio de instrumentos verdadeiramente surpreendentes, como por exemplo, um balde metálico para dentro do qual são lançados variados objectos.

Para meu verdadeiro deleite esta foi uma das músicas tocadas. :)

Foi uma experiência electrizante, intensa, inebriante. Este ficará indubitavelmente registado como um dos melhores concertos a que assisti na vida.

I wish this would be your colour...

4.5.08

Actualização de Leituras

Nos últimos dias foram concluídas algumas leituras e iniciadas outras. Posto isto, segue-se uma breve actualização dos livros que vou carregando comigo para aqui e para acolá.

Acrescentei à lista de leituras os seguintes títulos: Bullying - Guerra na Escola da pedagoga Nora Ethel Rodríguez e A Caverna de José Saramago.

O primeiro interessa-me por razões perfeitamente óbvias. O bullying não sendo um fenómeno exclusivo da / na escola, existe muitas vezes no espaço escolar. Por outro lado, será também interessante reforçar a ideia de que bullying não significa indisciplina - bullying vai para além das ocorrências de indisciplina verificadas na sala de aula.

A Caverna de Saramago foi-me oferecido no Natal de 2000. Só agora me decidi a lê-lo, embora ao longo de todos estes anos volta e meia tenha pegado no livro para o ler. Nunca, contudo, me pareceu antes ser a altura ideal para o fazer.

3.5.08

Ventos Solares

Recentemente dei por mim a navegar por páginas da net com fotos de auroras boreais e austrais. Segue-se uma curta selecção de algumas dessas belas imagens.




2.5.08

Apaixonei-me por Kafka

O meu avô costumava dizer: "A vida é espantosamente curta. Neste momento, comprime-se tanto na minha lembrança que, por exemplo, mal consigo perceber como pode um jovem decidir dirigir-se para a próxima aldeia sem temer que - abstraindo já dos acidentes infelizes - o tempo duma vida normal e sem azares não baste nem de longe para tal viagem."


"A Próxima Aldeia"
Os Contos, Franz Kafka