4.8.12

Por vezes acontece não querermos ser amados

Porque temos tendência a envolver-nos em relações que não são construtivas? Para o ego - isto é, para as defesas que apresentamos face aos outros – aceitarmo-nos como somos, sem defesas nem protecções, implica que tal já não é necessário. A auto-aceitação, diz Marianne Williamson, é a morte do ego. Mas as pessoas confiam muito nesse ego supostamente protector e costumam reger-se pelos seus ditames: “Por isso nos atraem as pessoas que não nos amam. Sabemos desde o princípio que não estão connosco. Mais tarde, quando essas pessoas nos atraiçoam e se vão embora, depois de um período intenso mas bastante breve, fingimos que isso nos surpreende, mas o que sucedeu enquadra-se perfeitamente no plano do nosso ego: Não quero que me amem. Por que não nos parecem agradáveis as pessoas gentis e bem-dispostas? Porque o ego confunde a excitação com o risco emocional e considera uma pessoa amável e acessível como não sendo suficientemente perigosa. A ironia é que a verdade é o oposto: as pessoas acessíveis são as perigosas, porque nos confrontam com a possibilidade de uma intimidade autêntica. São pessoas que na realidade poderiam conviver connosco durante tanto tempo que acabariam por nos conhecer. Poderiam minar as nossas defesas, usando não a violência mas o amor.”

in "Inocência Radical", Elsa Punset

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