25.10.06

As simetrias do amor

Quando digo aos meus amigos "Olhem que elas não nascem já assim com o silicone e a maquilhagem e músculos tonificados" eles riem. Eu também rio mas estou a falar muito a sério.

Recentemente vi um programa (no National Geographic Channel, acho eu) deveras interessante. Entre vários assuntos foi abordada a questão de um estudo que provou que as mulheres ficam fisicamente mais bonitas durante o período da ovulação. Os estranhos a quem mostraram as fotos tiradas às mulheres preferiram sempre aquelas tiradas durante a ovulação. As próprias mulheres achavam-se mais atraentes nessas fotos: faces e lábios mais rosados, o rosto mais redondo e simétrico, por exemplo. É neste período que segundo os cientistas as mulheres se encontram mais receptivas sexualmente.

Num ponto os cientistas são unânimes: homens e mulheres buscam nos seus parceiros um ideal de beleza no qual a simetria tem um papel determinante (isto não é novidade, já John Armstrong diz o mesmo no seu The secret power of beauty). Daí o empenho, levado ao exagero por alguns, nas idas ao ginásio e o cada vez mais popular recorrer à cirurgia plástica.

Alguns cientistas afirmam que dentro de alguns anos não existirão pessoas feias, pois a cirurgia plástica passará a ser uma prática comum para corrigir um nariz grande, um queixo descaído, uma gordurinha localizada na zona abdominal, etc. O que as pessoas parecem esquecer é que as operações plásticas corrigem uma deformidade física e não um padrão genético. Logo a escolha de um parceiro com base na sua aparência física, no qual as pessoas buscam a confirmação de um ser saudável, poderá vir a originar algumas alterações nas relações interpessoais e poderá levar as pessoas a reflectirem mais a fundo sobre as suas escolhas românticas (e sim, é uma escolha, leiam Ortega y Gasset a este respeito). Imaginem o espanto dos progenitores ao verificarem que os seus rebentos pouco ou nada se parecem com eles (têm o nariz grande, o queixo descaído e a gordurinha localizada na zona abdominal...).

E qual não é o meu espanto que estando eu a divagar sobre estas questões me deparo com este post.


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