6.11.06

A Twilight Zone e eu

Até que ponto o que dizemos é efectivamente compreendido e assimilado pelos outros? Em tempos depois de ter ouvido um CD de Tool (o único que ouvi até hoje) disse à amiga que mo tinha emprestado que não tinha gostado; achara-o demasiado denso, pesado e lento para os meus gostos musicais. Ela ficou incrédula e disse-me: "Mas tu gostas de Tool!" E eu pensei que tinha sido transportada para a Twilight Zone. Eu? Mas eu nunca antes tinha ouvido Tool como poderia gostar? Expliquei-lhe isso. E ela continuou a insistir dando até um exemplo que achava provava o meu gosto por Tool. Obrigada a clarificar a situação expliquei que eu tinha dito que conhecia uma pessoa que adorava Tool, mas eu nunca antes tinha ouvido por isso não podia gostar nem desgostar. Isto passou-se há uma série de anos.

Hoje numa mini conversa no MSN, estava eu deliciada a referir o belíssimo timbre de voz do Edward Norton e a outra pessoa comenta: "Ai agora já gostas dele?" E eu sou transportada novamente para a Twilight Zone. Agora? Mas desde quando não gosto? Quem é que alguma vez me ouviu dizer que não gostava do Edward Norton? Eu posso responder: Ninguém! Desde o seu primeiro filme, Primal Fear, de 1996 que fiquei interessada no trabalho do actor e tenho, tanto quanto possível, seguido a sua carreira. Quem me conhece de facto sabe isso.

Isto fez-me logo pensar, de tão perplexa que fiquei: Mas será que nas convivências do nosso dia-a-dia os outros ouvem efectivamente o que dizemos; será que estão atentos ao acto de comunicação efectuado? E nós? Eu? Estarei efectivamente atenta? São exemplos de coisas perfeitamente triviais, mas não posso deixar de pensar: o que é que falha no acto de comunicação com o outro quando situações destas acontecem?

20 comments:

Muse said...

hehehehe!!! Surreal!!!

Qto ao E.Norton, tb é um dos meus actores preferidos, juntamente com o Christian Bale...

Primal Fear (A raiz do medo), Rounders (a vida é um jogo),American History X(América Proibida, Fight Club, 25th Hour (A Ultima hora!!! É um actor Fabuloso!!!!
Parece q tenho q ver o Ilusionista!!

Maria Felgueiras said...

Ele tem feito umas coisas bem jeitosas, sim. A interpretação dele no Fight Club é qualquer coisa de extraordinário. :) Tb aprecio o Christian Bale. Viste o Maquinista? Que interpretação! :)

Dorka said...

Tens razao em relacao ao que escreveste sobre comunicacao. tenho que confessar que as vezes realmente nao oico o que os outros dizem, mas gosto de acreditar que nao é por falta de interesse, mas porque os meus pensamentos fazem mais barulho. Mesmo assim isso nao me perdoa.

Maria Felgueiras said...

Dora, é interessante o que dizes e talvez seja mesmo esse o problema muitas vezes quando não ouvimos os outros e quando não nos ouvem.

***

P.S. Entusiasmadíssima com a tua viagem a Portugal. :-D

Madalena said...

lollollolloll fartei-me de rir com o q escrevêste,tens imensa razão!!!! Só nos ouvem quando estão interessados....A propósito dos "Tool" disséste q ias ouvir o tal álbum q o Pedro t disse, pq o 1º q tu ouviste não é nada d especial...acho q vais gostar mesmo :D beijinhos :))

Maria Felgueiras said...

Madalena

Pergunta ao Pedro o título do tal álbum. Já me esqueci. LOL

Beijinhos

Muse said...

Ainda nao vi o maquinista... tenho ali dentro no armario ainda embrulhado no papel da fnac já há alguns meses... mas nas proximas semanas nao passa de certeza!!! ;p

parece que temos uns gostos similares!! :)

deKruella said...

Tanto um como o outro sao fantasticos...e têm um (V perfeito) um talento fenomenal. No maquinista fiquei sobretudo impressionada com a magreza do actor...é que se viam literalmente as costelas, ou melhor, todos os ossos...muita fominha deve ter ele passado para ficar tão magrinho...impressionante!
Quanto ao facto de não nos ouvirmos tb se torna impressionante...por isso é que cada um de nós entra num turbilhão de emoções...ninguém nos ouve e no final não só nos sentimos sós, no meio de tanta gente, como estamos realmente sós...e quando somos nós que deixamos de ouvir...aí sim...começa o vazio a entrar na nossa vida. Ficamos sós e vazios.

Maria Felgueiras said...

Muse,

pois também me quer parecer que temos interesses em comum. :) Isso é fixe. :)

Qd vires o maquinista, diz-me depois o que achaste. Prepara-te que é um filme estranho.

Maria Felgueiras said...

Kruella, olá e obrigada pela vista e pelo comentário. De facto a transformação física do Christian Bale é absolutamente impressionante no filme. Arrepiei-me toda. Imagina só a capacidade de auto-controle do homem para se submeter a tamanha violência física - pq não deixa de ser uma violência ao corpo dele.


Quanto à questão levantada no post: existem de facto momentos em que a comunicação com o outro falha e sentimo-nos sós, desacompanhados. Mas tb me aflige que eu cometa as mesmas falhas e, pior do que isso será o facto de não me aperceber. É o tal vazio que referes.

Precious said...

Ma chère, acho que o problema não é só a comunicação, é também uma questão de estereótipo.
Se gostas de determinado tipo de banda, as pessoas acabam por esperar que gostes de todas as bandas do mesmo tipo. A tua amiga naturalmente pensou que gostarias de Tool porque fazia tanta lógica, face aos teus gostos, que gostasses. E acabou convencida.

Anonymous said...

Pronto, tive uma REVELAÇÃO DIVINA! Graças ao teu texto, descobri que vivo na Twilight Zone... em estado permanente!!! Na maior parte das vezes acho que os demais não me entendem... E confesso que às vezes EU também não me entendo! ;-)
Quanto ao EN... grande actor! MUITO BOM GOSTO, sim senhora! Quanto ao CB... também aprecio, mas acho que ainda não se revelou totalmente...
Quanto ao facto de outros assumirem certas coisas só porque estamos em certas ondas... a isso chama-se PRECONCEITO! Há alguma lei que diga que eu tenho que gostar APENAS de um estilo de música?!... Por favor!!! Lá porque gosto de MUSE, não posso gostar de soul?!...

Maria Felgueiras said...

Miss Precious,

Referes um ponto importante e julgo que em certa medida terá sido também uma das razões para a falha de comunicação a respeito do gosto pelos Tool. Mesmo em mim torno-me por vezes incrédula ao descobrir que um amigo não gosta de determinada coisa quando até gosta de outra coisa na mesma linha.

A Nicky diz a esse respeito que se trata de preconceito. Talvez até o seja, mas apostaria mais em ideia pré-concebida. É que na verdade nós fazemos uma leitura, uma interpretação do que vemos, daquilo que conhecemos e é fácil cair no erro das ideias pré-concebidas: fulano gosta disto, logo também deve gostar daquilo.

Eu, por exemplo, sem conhecer grande coisa dos Radiohead desenvolvi um certo preconceito em relação aos mesmos, por razões que agora não interessam nada. E sempre que refiro que gosto de Muse há quem refira de imediato: "Ah! Então gostas de Radiohead também. São muito bons e tal..." Mas não, não gosto, pelo menos não gosto particularmente do pouco que conheço. Prometi no entanto a um amigo de uma amiga, com o qual tive uma interessante conversa há tempos, ouvir o OK Computer dos Radiohead e quem sabe se dentro de uns tempos não gostarei de Tool e de Radiohead? LOL Não é de todo impossível. :-D

Anonymous said...

Errr... eu gosto de MUSE mas não gosto de RADIOHEAD! Mas confesso que nunca dei uma oportunidade à banda do Thom Yorke.
Mas já que referes TOOL (que eu confesso não gostar mesmo!), uma vez li que os MUSE e os TOOL estavam considerados como “bastiões filosóficos da música”... OK, parto do principio que não há nenhum tipo de comparação na frase, mas sim exemplos distintos...

Muse said...

Eu tb nao sou fã de Radiohead... não percebo a ligação q as pessoas fazem entre os muse e radiohead...

têm musicas boas sim senhor, têm uma das minhas preferidas de sempre (Creep), mas nunca tive paciência para ouvir mto mais q isso, nunca me atrairam... por isso nao sei ver a ligação entre eles e os Muse!!!

e continuam as coincidências!!! ;p

Maria Felgueiras said...

Muse,

Pior do que a ligação é dizerem que os Muse são uma cópia de Radiohead. Até me passo! Cada macaco no seu galho, faz favor!

:))

Muse said...

queriam os Radiohead chegar sequer aos calcanhres do talento musical dos Muse (em especial do Matt... venham-me comparar o Tom Yorke e o Matt Bellamy), qto mais serem os Muse uma cópia deles...

They Wish!!!!

Maria Felgueiras said...

Os Radiohead terão o seu mérito, mas muito sinceramente julgo tratar-se de duas bandas com sons e temáticas bem distintas.

Mas, olha, nós temos Muse no coração e o resto é conversa! he he

Muse said...

mainada!!! ;p

Maria said...

he he he ;-)