8.12.08

Era mesmo isto que eu queria dizer

Ora nem mais! Recebi via mail, por parte de uma colega da escola, um texto que exprime uma boa parte do que eu tenho a dizer sobre algumas das injustiças que se vão operando neste país à beira mar plantado. Eu ando furiosa desde o início do ano lectivo por observar estas (e outras injustiças) no estabelecimento de ensino em que me encontro. O texto é longo, mas vale a pena.

A Escola do Sr. Magalhães

Mas, este escrito vem a propósito de outro Magalhães,

o já famoso portátil Magalhães, que não sei se foi beber o nome ao deputado desse nome, a algum cinzento burocrata, ou mesmo ao famoso circo-navegador Fernão de Magalhães.

Uma professora das minhas relações enviou-me um e-mail, onde se mostrou indignada, por ter recebido na sua sala de aula os benévolos distribuidores desta aberração politiqueira.

Indignada, porque os contemplados não foram os seus melhores alunos, os mais capazes e empenhados, mas sim os piores, os que nada pagam ao sistema, os do escalão dito "A", os tais pretensos carenciados, os mesmo que só se deslocam à escola porque esta tem almoço e lanche e os pais recebam os generosos subsídios do Estado, que juntos aos negócios que possuem lhes permitem comprar os belos carros em que se passeiam e outros luxos que ostentam. Houve famílias destas que receberam vários computadores. É claro que há excepções, como em tudo.

Na sala daquela professora os seus bons alunos, geralmente filhos daqueles que preenchem a declaração de impostos e dela não podem fugir, choraram, sentiram-se confusos e alvo de uma injustiça. Provavelmente não serão mais os mesmos e o país com as suas politiquices demagógicas é que irá pagar a factura.

Na sua pressa em exibir o chorudo brinde, o governo e o ministério esqueceram-se de que os alunos alvo desta medida são os mesmo que ainda não receberam os manuais de que tanto necessitam para trabalhar.

Este país que premeia a burrice e a bandalhice é o mesmo que solta os criminosos.

Que eu saiba, só em Portugal é que os melhores alunos das escolas públicas não são acarinhados nem premiados com bolsas de mérito e outros prémios de incentivo.

Estes alunos podem não ser capazes de aprender a ler e a escrever, nem se interessar por fazê-lo, mas têm um portátil no qual nunca saberão mexer.

Não sei se o portátil ainda estará inteiro daqui por uns dias ou se não foi vendido na feira da ladra aos tais infelizes que não tiveram direito a recebê-lo, pois muitos dos que declaram os parcos rendimentos ao fisco, contam os tostões.

Não sei que resultados, para além dos estatísticos, é que um computador produzirá em crianças de 6 anos ou 7 anos, que mal sabem ler e contar. Pela minha parte continuo a acreditar na tabuada e na ardósia e, claro, na escola do senhor Magalhães, que infelizmente já não se encontra entre nós.



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