25.5.13

Sobre a amizade depois do amor

"O amor é tão arrogante que não aceita virar amizade."
Fabrício Carpinejar



Tropecei nesta citação que me fez lembrar um dos últimos episódios de O Sexo e a Cidade, a passar actualmente no Foxlife. A Carrie questionava-se se ela e o Mr. Big teriam a hipótese de ser amigos após o fim da sua relação. Houve tentativas de ambas as partes para se concluir que tal não era possível. Não que isto seja prova de que não se consegue manter uma relação de amizade com um ex-qualquer coisa. Na minha opinião é perfeitamente possível, embora eu não tenha ficado amiga de nenhum dos meus ex-qualquer coisa.

Julgo que dificilmente conseguiremos criar uma relação de amizade com alguém com quem não tenhamos tido anteriormente um laço de amizade, apenas uma relação amorosa, e mais difícil será se o fim do relacionamento tiver sido amargo e marcado por traições, faltas de respeito e atitudes abusivas. Como poderá alguém ser amigo de quem o trai ou maltrata? Ou como poderá alguém que trai ou maltrata ser amigo?

Contudo, se ao longo de todo o relacionamento houve um elo forte de respeito mútuo, carinho e amor, julgo, então, estarem criadas as condições para que exista a possibilidade de se manter ou estabelecer uma relação de amizade após o fim da relação amorosa.

Mas o que nos leva a querer ficar amigo de alguém com quem estivemos envolvidos amorosamente? Por conversas que tive com várias pessoas amigas, e por experiêcia própria, parece-me que, em parte, existe em nós a secreta esperança de que um dia tudo voltará a ser como antes. Quantas vezes não nos convencemos que o ex-qualquer coisa era o Tal? E por estarmos tão certos disso custa-nos naturalmente acreditar que todo esse capítulo está encerrado, que é o final. Afinal o que queremos é um novo capítulo com essa pessoa, custe o que custe, demore o que demorar. Na maior parte das vezes só nos enganamos. Felizmente também acho que outras tantas até estamos certos e que de facto essa possibildiade existe, e que não é um fim - trata-se apenas de um breve interregno.

A grande verdade é que todos nós temos o nosso próprio caminho. Umas vezes vamos acompanhados, outras vamos sozinhos. Cabe-nos sempre a nós a responsabilidade das escolhas que vamos fazendo ao longo do nosso caminho. Arrependimentos não servem de nada. Aprendamos a valorizar e a preservar os laços e os elos com os outros. E mesmo que essas pessoas deixem de fazer parte das nossas vidas, existe de qualquer modo algo delas em nós, na nossa experiência de vida. E isso, a meu ver, só nos torna mais ricos.

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