31.1.16

conversas ao frio

Ontem foi dia de conversas na rua. Encontrei várias caras conhecidas. Trocaram-se abraços, beijos, e palavras de encorajamento. Ouviram-se as histórias do costume, todas carregadas com a sua dose de drama. 

Em frente à estação de St. Apolónia, sensivelmente na altura em que decidi tirar a foto abaixo, senti um misto de alegria e tristeza. Por um lado é bom encontrar estes "velhos" amigos. É bom reconhecer os sorrisos de gente boa conhecida no meio de outros que ainda não conheço. Contudo, percebi também que ao encontrar estas pessoas, a cada 15 dias, significa que nada na vida delas mudou; que não se operou ainda a desejada mudança de uns saírem da rua e passarem a viver num lar e de outros, os que têm um quarto, uma casa ou um abrigo, não necessitarem de recorrer ao apoio das associações. 

Senti-me impotente, frustrada. E, pela primeira vez, reconheci que, embora seja importante a acção dos voluntários das diversas associações que operam na rua, isso é somente uma pequenina gota num vasto oceano.

Mas daqui a 15 dias lá estaremos novamente a darmos mais um pouco de nós e a recebermos um pouco dos outros. Ao frio nas ruas da zona de St. Apolónia, que é um dos locais mais quentes, em termos humanos, que conheço.


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